sábado, 5 de fevereiro de 2011

de volta aos romances

Eu passei a roleta da escola sentindo o peso da arma roubada na minha mochila. Ela não devia pesar mais do que algumas gramas mas o que eu estava prestes a fazer pesaria toneladas para o resto da minha existência, que eu supunha que duraria apenas alguns segundos.
Eu torcia para que não houvesse vida eterna. Eu queria sumir, virar pó e nada mais. Jamais ser obrigado a viver além da minha vida miserável de adolescente onde quer que fosse.
Caminhei até minha sala, ouvindo a zoação de alguns daqueles garotos estúpidos prestes a ir se juntar a mim no nada eterno. Eles não tinha ideia de como hoje eu era mais forte do que eles.
Mas ainda não. Eu esperaria o momento certo.
Uma aula se passou.... duas... e finalmente a aula de filosofia... onde o professor maluco abordava o amor... como se ele curasse alguma coisa.
Então eu me levantei, caminhei entre as carteiras e cheguei bem perto do valentão da sala. Então eu puxei a arma e encostei bem perto da cabeça dele. Quem era o magrelo agora? O fraco? O zoado?
A sala ficou em silencio, o menino com a arama na cabeça tremia feito uma criança. Ele choramingou algo como "para com isso cara". Eu nem ouvi. O sangue corria tão rápido que eu podia senti-lo pulsar em meus ouvidos.
Era a hora. Eu ia puxar o gatilho. Nessa hora nem o professor se mexia. Nenhuma ação como eu imagina, miguem tentava me derrubar ou me impedir. Uma menina no canto da sala parecia orar.
Então uma voz baixa ecoou na sala "não faça isso" ela pediu "por mim".
Eu me virei. Uma garota tímida e quietinha acabava de cortar o silencio e olhar profundamente pra mim. "eu te amo, não te quero como um assassino" ela falou, baixinho, entre lágrimas.
Meu coração de repente derreteu, e eu não sabia mais por que estava fazendo aquilo tudo. Eu desejei a eternidade, e a vida também. Larguei a arma, devagar. E corri pra perto dela.
Inesperadamente, sem que a ideia partisse de nenhum dos dois, e ao mesmo tempo sempre estivesse lá, na minha cabeça e na dela, eu a beijei. Então eu ouvi um disparo. Senti uma dor aguda, abri os olhos e deparei com o desespero no rosto dela, ainda assim ela era linda.
Então tudo apagou.


Me pediram pra fazer um texto meio filosófico que fizesse pensar, ou que abordasse um tema polêmico e talz... eu não consegui é claro... tudo pra mim acaba em romance... talvez seja essa minha mania de achar que o amor sempre é a solução :)
a propósito, o menino não morreu. Ele só foi ferido. E saiu da escola, ele e ela... e eles estão felizes agora... como eu sei? O amor sempre salva esqueceu? não poderíamos ter um final trágico :)

2 comentários:

  1. Será que o amor realmente salva tudo??
    Ou isso não passa de algo da imaginação feminina?
    Creio que um pouco dos dois!!

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