sábado, 13 de agosto de 2011

A outra

-Ela foi muito especial, não posso negar... ela foi minha primeira vez
Não esperei Lucas terminar a frase, tudo girou ao meu redor e eu só conseguir focar em uma cena: Ela- que eu nem sabia quem era, mas naquele momento ela me pareceu bem nítida e ameaçadora- explorando com voracidade aquele corpo que eu tinha em meus braços. Devorando a alma que eu ansiava por ter. Ocupando para sempre um coração que agora eu duvidava que um dia seria meu.
Eu enrrubeci escondendo meu rosto contra o peito dele. Ele nada disse, apenas me apertou mais forte.
- Não se preocupe, foi só uma vez, de certa forma sou igual a você. Não precisa ser tão tímida.
Eu não me movi. Isso era indiferente. tudo que ele falava eram meros sons que eu mal decifrava. Só a cena me torturava como se eu já a tivesse visto.
Senti nojo.
-Nunca vi também, você fica sem graça com tudo- ele acusou
Eu não respondi, tinha vergonha, não das palavras dele, mas do que minha cabeça havia imaginado. Na verdade vergonha era o de menos, o triste era a culpa pela comparação.
Era egoísmo meu querer ser única, mas eu queria. Queria ser especial como ele era para mim. Tinha medo de o decepcionar, de ser enganada, de me iludir, de me arrepender...
Eu tinha mil duvidas, medos, anseios e desejos.
Afinal, ali, frágil e insegura, eu era apenas uma criança.


Um comentário:

  1. Parece muito com algo que presenciei.
    é realmente constrangedor o que nosso cérebro é capaz de criar.

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