quarta-feira, 9 de novembro de 2011

horror

Fernanda sentiu um fio de sangue escorrer por entre suas pernas. Ela não ousou levantar a cabeça. Esperou quieta até que eles estivessem se afastado. A dor física que contraía todos os músculos do seu corpo não era nada comparado com a vergonha e com o medo.
Ela tateou pelo grama, ainda abaixada, em buscas das mãos de Roberto: Não as achou
Uma lágrima escorreu salgada pelos ferimentos do rosto, e um pensamento rasgou sua mente: ele está morto. O pensamento a revirou e contrariando todo os apelos do seu corpo dolorido ela ergueu o olhar em busca dele. Ele estava encolhido com o rosto prostrado na grama, mas respirava. Fernanda se arrastou até ele e se aninhou no peito dele de forma que ela pudesse ouvir as batidas cadenciadas do coração dele. Batidas que denunciavam que a vida ainda corria em suas veias. Ela respirou, um estranho alivio passou pelo seu corpo maltratado, tão repentino como o surto de coragem que havia levado ambos aquelas condições. Ela tentou se levantar, correr pra pedir ajuda, mas caiu nos primeiros passos. Então ela deitou-se derrotada sobre o corpo aparentemente inerte de Roberto. E rezou, para que alguém achasse os dois.
- Por que você deixou que eles fizessem isso com você?- Roberto falou em um sussurro quase inaudível
- Eles te ameaçaram, eu não podia ver eles te machucarem por minha culpa, eu não poderia deixar que eles... desculpa se eu fiz errado...mas eu não consegui... - ela respondeu falando tão rápido que as palavras saiam emboladas e sem sentido de sua boca.
-Por que eu não pude te proteger? Por que você não correu, minha linda? Por que não me deixou sozinho? Assim você estaria protegida.
- Por que eu te amo.
Ela respondeu, enquanto se permitia esparramar-se pela grama a espera de um milagre que apagasse da mente dela todo aquele horror.


Inspirado num conto que eu li a muito tempo de uma amigo... não ficou como eu queria, mas...

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