sexta-feira, 30 de abril de 2010

depois da ultima batalha

Uma garota chorava em meio aos destroços de uma estação de trem. Ninguém parecia notá-la enquanto ela procurava os corpos em vida de seus três irmãos. Seus pais também estavam no trem. Não tinha sobrado ninguém. Ela estava sozinha.
Ela era Susana, que um dia havia sido rainha em um lugar chamado Narnia. Mas também era uma menina que a sociedade havia ensinado a esquecer seus sonhos. Ensinado que imaginar terras distantes era tolice de criança e que moças como ela não deveriam se ocupar em outra coisa senão em procurar um bom marido.
Nem Pedro, nem Lúcia nem Edmundo poderiam entender por que ela se negava a entrar para a loucura dos “amigos de Narnia”. Pedro era um bom partido, poderia ter um casamento quando bem quisesse, mas ela era uma garota, e como tal deveria saber cozinhar, bordar, tocar piano, ser gentil, obediente, bonita... Ela não tinha mais tempo para sonhos. Lúcia e Edmundo eram pequenos demais (apesar do fato de já terem sido adultos em uma outra época) para entender a vida real. Lúcia infelizmente um dia a entenderia, mas Susana achava que não era ora de preocupá-la com a vida adulta.
Não que ela não se lembrasse de suas aventuras, só que as lembranças eram turvas demais para ter utilidade. Alguém disse que ela não voltaria, então não haveria porque insistir nesses sonhos. Embora em seus sonhos ela continuasse a ver dríades, naides, anões e animais falantes. E seu coração ainda guardasse a quente e nítida lembrança de Aslan.
Mas agora nada disso importava... Seus irmãos estavam mortos e junto com eles tudo que restava da fantasia. Seus pais estavam mortos e com eles todas as esperanças de uma ter vida real tão próspera quanto a sua fantasia. Ela chorava.
Um garoto pôs a mão em seu ombro.
- Por que chora? – Ele perguntou enxugando as lágrimas que caiam dos olhos vermelhos de Susana.
- É uma longa historia – ela respondeu dando se conta que ela chorava por tantos motivos juntos. Seus irmãos brincavam entre si que já sabiam como eles seriam quando crescessem, mas agora isso nada adiantava pois eles jamais cresceriam na Terra.
- Eu gosto de historias – ele completou segurando a mão dela para ajudá-la a se levantar. Suzana não sabia se poderia confiar naquele estranho. Mas ela ouviu a voz de Aslan sussurrar em seu ouvido “confie nele, tudo vai acabar bem minha menina”
– Vem comigo, você pode me contar o que aconteceu. E se eu puder te ajudar...
Ele falou mesmo sabendo que provavelmente ele não poderia.
- Mas quem é você? – Susana perguntou com a voz ainda tremula de chorar.
- Sou Clive, Clive Staples Lewis.

Um comentário:

  1. informação obvia, porém necesaria: Clive Staples Lewis é o autor de cronicas de narnia =D

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